Antes de falarmos sobre programação, um assunto um tanto “difícil”, vamos conversar um pouco sobre um filme. Ratatouille. Se lembra?
Ratatouille é um filme de animação de grande sucesso lançado em 2007. A animação conta a história de Remy que desejava ser um grande cozinheiro. Você há de concordar comigo que não há nenhum problema em desejar ser um grande chefe. Certo? Bem, desde que você não seja um rato está tudo bem.
Inspirados por essa divertida animação vamos imaginar dois cenário:
Primeiro cenário:
A vai até a cozinha, mistura um punhado de ingredientes, despeja tudo em um tabuleiro untado e leva ao forno. Menos de uma hora depois está com um belo bolo sobre a mesa para o café. Foi o primeiro bolo que A preparou na vida.
B vai até a cozinha, mistura um punhado de ingredientes, despeja tudo em um tabuleiro untado e leva ao forno. Menos de uma hora depois B está limpando seu forno. O bolo cresceu, derramou, depois solou. Foi o primeiro bolo que B preparou na vida.
Certamente podemos dizer que A possui um “certo talento” para a cozinha enquanto B não.
Segundo cenário:
A saiu com amigos e pela primeira vez na vida foi cantar em um karaokê. Obteve pontuação máxima e os amigos gritaram bis pedindo que ele cantasse outra música.
B saiu com amigos e pela primeira vez na vida foi cantar em um karaokê. Obteve pontuação bem abaixo da metade e alguns amigos discretamente taparam os ouvidos durante a música.
Certamente podemos dizer que A possui um “certo talento” para a música enquanto B não.
Mas o futuro é imprevisível. Vejamos como A e B conduziram suas vidas.
Primeiro cenário:
A, apesar de demonstrar talento, não era muito presente na cozinha de sua casa, fazendo uma coisa ou outra durante a semana.
B, apesar de ter de limpar o forno com frequência, se matriculou em um curso de culinária e cozinhava frequentemente para os amigos para praticar.
Aqui, certamente podemos dizer que B, apesar da falta de talento, superou o talento de A com esforço e dedicação.
Segundo cenário:
A voltou ao karaokê com os amigos poucas vezes e nunca se interessou em estudar música.
B gostava de música, então se matriculou em cursos de canto e instrumento. Hoje B já possui uma banda.
Certamente podemos dizer que o esforço de B superou o talento desprezado de A.
Mas Wagner, qual a relação disso tudo com a pergunta inicial?
Vamos lá. Se pensarmos na essência da atividade de programar um computador, do que estamos falando?
É uma atividade como tantas outras. Pegar um problema do mundo real, avaliar, entender esse problema, e então elaborar um algoritmo. Dizendo em outras palavras, elaborar uma sequência de passos lógicos para resolver esse problema de forma computacional.
Isso me faz concluir que sim, qualquer um pode aprender a programar. Qualquer um pode aprender a pegar um problema do mundo real, avaliar esse problema, identificar quais as possíveis soluções, elaborar uma sequência de passos lógicos para resolvê-lo e então fazer o computador executar essa sequência de passos.
Mas, será que qualquer um pode ser um bom programador?
Ser bom em algo está diretamente relacionado com a frequência e entusiasmo com que realizamos essa determinada atividade. Assim, alguém que pratica futebol com uma grande frequência tende a ser melhor do que alguém que pratica esporadicamente. Um pintor que pinta muitos quadros tende a desenvolver mais as suas habilidades do que um pintor que pinta esporadicamente.
Portanto, também sou levado a crer que sim, qualquer um pode ser um bom programador, desde que pratique com frequência, estude bastante, e torne a atividade de programar computadores algo corriqueiro no seu dia a dia, algo com o qual ele tenha contato frequentemente.
É comum as pessoas falarem em talento. “Ah, eu não tenho nenhum talento para essa atividade”. Eu mesmo já teve inúmeros alunos que diziam não ter nenhum talento para programação.
Contudo, precisamos esclarecer bem as coisas.
Ter talento significa que o indivíduo já nasceu com uma predisposição para algum tipo de atividade, seja ela esportiva, artística ou intelectual, como A para cantar e fazer bolos. Contudo, é importantíssimo ressaltar que, assim como afirma Carol Dweck, autora do livro Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso, qualquer atividade pode ser aprendida e bem desenvolvida por alguém que goste de aprender e queira se desenvolver.
Baseado em diversos estudos a autora afirma que, um indivíduo que nasce com talento mas não trabalha para desenvolvê-lo, é um talento perdido, um talento que não atingirá todo seu potencial. Em contrapartida, alguém que não demonstrou nenhum grande talento durante a infância e juventude pode sim desenvolver essa habilidade, se tornar um excelente profissional, desde que estude, se dedique, e principalmente pratique, como fez B. O ponto central aí é, como sugere a autora, buscar o mindset de crescimento, estar em constante aprendizado e crescimento.
Eu já tive o prazer de ministrar aulas presenciais de programação e a oportunidade de relembrar, através dos estudantes, como pode ser difícil os primeiros passos neste campo de estudo.
É um ramo que exige muito trabalho mental e abstração, capacidade de pensar sobre algo que não existe no mundo real, processos, passos lógicos, ordem de ações. Imagine agora uma turma de calouros que acabou de sair do ensino médio, que não desenvolveu análise crítica, não adquiriu a abstração lógico-matemático esperado, tem dificuldade de interpretar o que lê. Como introduzir conceitos tão abstratos?
A verdade é que nós professores muitas vezes falhamos justamente no ponto crucial, a introdução. Para o estudante cada vírgula é uma novidade que o professor, com seus 15 anos de experiência, muitas vezes passa batido. Este processo de aprendizagem não é, ou não deveria ser uma corrida de obstáculos. Cada degrau saltado distancia o estudante do sucesso da aprendizagem.
Eu sou ambicioso. Quero contribuir para que a programação de computadores se torne tão difundida quanto a matemática. Hoje é impensável uma pessoa que não sabe verificar se seu troco está correto. Será que no futuro não estaremos, a todo instante, lidando com blocos de programação dentro de nossa própria casa?
Guiado por essa ambição, e agora com as limitações físicas impostas pela situação vivida em 2020, decidi compartilhar um pouco do meu conhecimento em meu canal no youtube. Já dei início às atividades e estou diariamente compartilhando aulas de programação para quem deseja se aventurar neste mar.
Os cursos são totalmente gratuitos, as aulas são breves abordando poucos conceitos por vez, de tal forma que você consegue fazer o curso nos intervalos de outras atividades. Se inscreva no canal, pressione o sininho para ser notificado sempre que uma nova aula for ao ar.
Atividades em grupo são sempre mais motivantes que atividades individuais. Quando bate aquele desânimo, um motiva o outro. Então, convide amigos, parentes, qualquer um que tenha algum interesse na temática. Mesmo fisicamente distante, monte um grupo de estudos, troquem ideias, comentem nos vídeos, postem as dúvidas. Juntos podemos ir mais longe.
Se você aceitar meu convite, seja muito bem vindo a esta jornada (meu canal). Você pode compartilhar este convite em suas redes sociais com seus amigos através dos botões das principais redes sociais presentes na lateral direita.