Você está visualizando atualmente Originais – Como os Inconformistas Mudam o Mundo

Originais – Como os Inconformistas Mudam o Mundo

Autor Adam Grant
Ed. Sextante
Ano: 2017

De forma geral esta foi uma leitura bem decepcionante. Tinha muita expectativa a cerca da obra que não foram cumpridas, mas, o autor traz alguns insights interessantes.

Durante a graduação, muitos dos meus professores tentavam incentivar o lado empreendedor dos alunos (até trabalhos de disciplinas viravam modelo de futuras possíveis empresas – e isso era maçante as vezes). O fato é que isso fez com que constantemente eu ficasse pensando em ideias para possíveis empresas e, na época, um pensamento comum era ao reler minha lista de ideias:

não, essa ideia não é boa o suficiente. Se fosse, alguém já teria pensado nisso!

Eu não sei se vocês percebem a contradição que há nesta frase. Eu só percebi ao ler o primeiro capítulo deste livro, onde o autor reproduz a mesma frase, dita por ele mesmo a um grupo de jovens buscando investidores para sua ideia. O problema está na segunda parte da frase “Se fosse, alguém já teria pensado nisso!”. Isso basicamente exclui qualquer possibilidade de uma nova e boa ideia, afinal, se fosse boa, alguém já teria pensado nisso!

Depois de ler esta frase, isso me pareceu tão óbvio que fiquei me perguntando como não havia concluído isso antes. Aqui está meu maior prazer em ler, amadurecer minhas ideias e filtrar minhas opiniões com base nas experiências e reflexões dos autores.

Outro ponto interessante que o autor ressalta para a originalidade é a diversidade. Você sabia que na época de Galileu, muitos outros cientistas possuíam telescópios semelhantes aos de Galileu e que esses telescópios não possuíam grande capacidade de ampliação? Mas, Galileu foi capaz de olhar para a lua e enxergar cadeias de  montanhas onde os outros apenas viam borrões. Aí fica a pergunta: o que diferenciava Galileu?

Como nos conta a história, Galileu possuía sólidos conhecimentos da física e astronomia da época, assim como outros cientistas de seu tempo, mas, também possuía vasta experiência em desenho e pintura, incluindo uma técnica chamada chiaroscuro, que se baseia na representação de luz e sombra. Foi graças a estes conhecimentos que, segundo o autor, Galileu conseguiu ver montanhas onde outros viam apenas borrões.

Então, se você está construindo sua carreira em uma determinada área e escolhe fazer um curso “nada a ver” com essa área, não dê muito ouvidos às críticas que ouvirá. Isso pode te ajudar no futuro.

O último capítulo quase salva o livro. O autor apresenta uma série de estudos e acontecimentos reais demonstrando como a emoção influencia nossas decisões.

Em um estudo particularmente interessante, os pesquisadores apresentaram a um grupo de pessoas duas situações e estes deviam escolher uma. O primeiro cenário era: em uma crise, dois planos foram formulados por sua equipe. Qual você escolhe?

Plano A – salvar uma das três fábricas e 2 mil empregos.

Plano B – um terço de chance de salvar as três fábricas e os 6 mil empregos, mas dois terços de chance de perder tudo.

No estudo original 80% das pessoas escolheram o plano A. Perceba que este plano é apresentado com foco nos ganhos, na segurança, na aversão a riscos.

Na segunda parte do estudo, o cenário era o mesmo, mas os planos eram:

Plano A – sacrificar duas das três fábricas e 4 mil empregos.

Plano B – dois terços de chance de sacrificar as três fábricas e os 6 mil empregos, mas um terço de chance de salvar tudo.

Perceba que aqui a situação é a mesma, mas o foco está na perda garantida. Avaliando a situação com a perspectiva da perda, 82% das pessoas escolheram o plano B. Já que havia uma perda garantida de duas das três fábricas e de 4 mil dos 6 mil empregos, então concluíram que era válido arriscar um pouco mais para tentar salvar tudo.

O mais curioso. Os planos são os mesmos, os possíveis resultados são os mesmos, o que muda é o foco e as emoções associadas em cada forma de apresentar.

Apresentado os destaques do livro, eis as críticas.

No geral o livro é muito decepcionante. Esperava muito mais dado o tema e as críticas. Alguns capítulos são bem arrastados e terminá-los foi realmente uma tarefa difícil.

Cada capítulo é uma miscelânea (mistura) de histórias e pesquisas e nem sempre deixa claro a real ligação entre elas e o tema central do capítulo.

Há um capítulo inteiro contando a história do movimento feminista e a luta pelo direito ao voto feminino nos Estados Unidos da América. Não que o tema não seja interessante, apenas não consegui enxergar a originalidade vista pelo autor.

Outro capítulo inteiro é dedicado à estudos que traçam paralelos entre o desempenho em algum esporte e a ordem de nascimento na família. Este capítulo especialmente me lembrou muito aquelas divulgações científicas semanais da superinteressante tipo “casais que peidam juntos são mais felizes”, passando a impressão que foi inserido apenas para dar volume ao livro.

Deixe um comentário

3 − 3 =

Wagner Gaspar

Capixaba de São Gabriel da Palha, Espírito Santo. Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Amazonas e mestre em informática pela Universidade Federal do Espírito Santo.