As novas tecnologias que estão dominando o mercado têm uma característica em comum, são programáveis. Desde a smart tv ao micro-ondas e os carros. Será a programação o novo inglês?
Há alguns anos era comum ouvir frases do tipo: “aprender inglês é fundamental para quem deseja se manter no mercado” ou “quem não souber inglês estará fora do mercado de trabalho em poucos anos”.
Pessoas observadoras já devem ter percebido que o inglês está perdendo seu lugar na mídia (não sua importância) enquanto outra, aos poucos, vai tomando seu lugar. Estou falando da programação de computadores.
Talvez nem todos percebam, mas as coisas estão mudando rápido, evoluindo, e quando digo “as coisas”, falo literalmente das coisas: televisão, telefones celulares, micro-ondas, carros, geladeiras, residências, aparelhos de ar condicionado, chega!
Mas Wagner, o que isso tem a ver com aprender a programar?
Tudo. Pense comigo. Há algumas décadas o principal meio de transporte dentro das grandes cidades eram charretes puxadas por cavalos, que evoluíram para automóveis rudimentares. Estes continuaram evoluindo e hoje, temos carros que “se dirigem”, e adivinha, são programáveis.
Houve uma época em que, para amenizar o calor dos trópicos, grandes blocos de gelo eram suspensos dentro das residências. Durante seu descongelamento, o ar frio refrescava o ambiente. Provavelmente você já notou que isso não é feito mais hoje, especialmente se você mora em uma região quente, pois já foi inventada uma “coisa” chamada “ar condicionado” que resfria o ar.
Os primeiros modelos, assim como os computadores, eram grandes e barulhentos caixotes que, seguindo o processo evolutivo das engenhocas, foram ficando menores, mais silenciosos e mais potentes. Hoje, já possuem modelos que podem ser sincronizados e controlados com seu smartphone.
Agora, quem não gosta de uma boa refeição? Quem possui parentes idosos morando em regiões do interior já deve ter tido o prazer de saborear uma refeição preparada no fogão a lenha. Este também evoluiu, perdendo espaço para o fogão a gás que, seguindo o caminho evolutivo, também está perdendo espaço neste exato momento para os fornos elétricos e micro-ondas, e adivinha só, são programáveis. Você aperta um botão e sua refeição é preparada.
Os exemplos são inúmeros, desde utensílios domésticos como geladeiras, aparelhos de televisão, até uma casa completa, que monitora os ambientes, alarmes (de incêndio e segurança) e verdadeiras centrais que controlam toda a casa, até mesmo por sistema de voz.
Tudo isso requer programação, em outras palavras, requer pessoas que saibam programar. Observe que citei apenas itens que já fazem parte do dia a dia de muitas famílias de alto poder aquisitivo. Imagine as evoluções que ainda acontecerão nos próximos anos.
Provavelmente você já ouviu falar nos conceitos de “casas inteligentes” e “internet das coisas”. Pois bem, nosso futuro será todo conectado. Talvez de uma forma diferente do que entendemos como “conectado” hoje. Nós estaremos sempre “online”, assim como nossos pertences.
E, sabe o que tudo isso tem a ver com você aprender a programar? Simples. Para isso tudo acontecer, o mercado e as indústrias precisarão de pessoas, muitas pessoas que saibam programar, que saibam conversar com as máquinas.
De um lado, toda esta automatização fecha inúmeros postos de trabalho, contudo abre muitos outros. A diferença fundamental aqui é entender que não são apenas as “coisas” que evoluem, a cultura também evolui, as pessoas também evoluem, o trabalho também evolui.
Trabalhos nascem e morrem todas as décadas. Se fizermos uma análise dos últimos 200 anos, encontraremos uma infinidade de atividades que morreram durante este período de tempo, porém, encontraremos também uma infinidade de trabalhos que nasceram nesse mesmo período de tempo, outros ainda nasceram e morreram nesse período de tempo, como datilógrafo por exemplo.
Quando um trabalho morre estamos diante de uma evolução, essa evolução tende a abrir novas vagas, contudo essas vagas tendem a exigir conhecimentos mais específicos (é uma evolução), um currículo mais aprimorado, e não falo aqui de currículo papel, cursinhos que você fez, mas conhecimentos e habilidades que você adquiriu.
Ficou motivado ou preocupado? Se você é uma pessoa que gosta de aprender coisas novas, saiba que este conhecimento pode fazer toda a diferença logo logo.
Haaaa, mas eu não quero mudar de área/seguir carreira na tecnologia.
Não precisa. Além das oportunidades no mercado de trabalho, há também a satisfação pessoal de construir algo, fazer algo novo que ninguém tem. Ser um inventor/criador, ou ainda desenvolver pequenos projetos que apenas automatizam tarefas repetidas que você faz no dia a dia. Acredite, dá um tremendo orgulho quando você vê seu primeiro programa funcionando.
Pense nas oportunidades que você tem trabalhando em outro ramo completamente diferente. Para desenvolver um software na área de direito, por exemplo, a equipe de programadores ou analistas (que normalmente não entende de direito) precisa realizar inúmeras conversas com advogados a fim de coletar o que chamamos de requisitos do sistema, basicamente o que ele deve fazer. Normalmente, de um lado temos pessoas que entendem apenas de tecnologia, do outro, pessoas que entendem apenas de direito. Se a conversa entre ambos não for bem clara, é provável que o produto final seja um verdadeiro “frankenstein”. O mesmo ocorre nas mais diversas áreas, contabilidade, medicina, hotelaria, vendas. Assim, se você possui conhecimento das duas áreas, você possui as ferramentas necessárias para desenvolver um ótimo software.
Outro aspecto que merece destaque é o aprimoramento da capacidade de raciocínio e resolução de problemas. Programar é a arte de resolver problemas usando tecnologias. Assim, a cabeça de um programador está constantemente refletindo sobre problemas e qual a melhor maneira de resolve-los.
Associado ao item anterior, temos ainda uma questão muito importante. Quando você aprende a programar, aos poucos, você passa a entender uma série de conceitos relacionados à tecnologia, isso ajuda no debate e compreensão de discussões, como temos visto recentemente sobre a manipulação de grandes massas nas redes sociais. Assim, você acaba adquirindo maior habilidade em identificar e confirmar a veracidade de informações.
Em países como a Inglaterra, por exemplo, aulas de programação foram inseridas na grade escolar após amplo debate na sociedade. Se hoje já acreditamos estar muito conectados, o mundo das novas gerações será ainda mais online e digital. Entender como funcionam os computadores e saber desenvolver programas para os mesmos é estar em sintonia com a língua do futuro. Ter essa fluência significa saber usa-los a seu favor.
Imagine por um instante como seria sua vida hoje se você fosse analfabeto. Pois saiba que alguns especialistas consideram que, não saber programar será tão desafiador como ser analfabeto. Mitchel Resnick, diretor do grupo Lifelong Kindergarten do MIT Media Lab, defende que a programação é uma das habilidades do século 21 e deveria ser tão importante quanto ler ou escrever.
Segundo matéria publicada em abril de 2017, apenas uma entre quatro escolas americanas oferecem cursos de programação. Em 2016, o então presidente Barack Obama lançou o programa Computer Science for All (ciência da computação para todos), voltado à implementação da disciplina no currículo escolar americano. Na Suécia, foi aprovado em março de 2017 um projeto para ensinar programação no segundo ano do ensino fundamental. No Brasil as experiências ainda são poucas e em sua maioria restritas a escolas particulares.
Por fim, e não é para desanimar e sim para motivar. Se você não sabe programar, seu computador é semelhante a um micro-ondas, você só pode usar aquilo que alguém já fez.
Bem, por hoje é isso.
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Abraços e até a próxima