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17 megabytes (MB) é muito?

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

– Olá Margarida. Você parece meio triste. Está tudo bem?

– Olá Júlio. Eu estou confusa. Quero instalar um joguinho no meu celular mas aqui diz que ele tem 17 MB de tamanho. Você sabe se isso é grande ou pequeno?

– 17 MB? O que significa MB Margarida?

– Humm. Já vi que estou falando com alguém tão entendido no assunto quanto eu!

E os dois caíram na risada.

– Margarida, a Ada ou o Alan podem nos ajudar.

– Ótima ideia. Vamos perguntar se eles sabem o que significa MB e se 17 é grande ou pequeno.

Saíram do jardim, caminharam por algumas ruas tranquilas do bairro, até chegar a uma praça. Ada e Alan estavam brincando no parquinho, como costumam fazer aos sábados.

– Olá Ada. Olá Alan – disse Júlio.

– Olá Júlio, olá Margarida – disseram Ada e Alan.

– Precisamos de ajuda – disse Margarida – vocês sabem o que significa MB?

– MB? disse Ada pensativa – apenas MB?

– Sim, disse Margarida.

– Calma pessoal – interveio Júlio – Conte toda a história Margarida senão eles não irão entender o que você quer saber.

– Isso Margarida – disse Alan – nos dê um exemplo de uso desse tal MB que você quer saber.

– Bem… – continuou Margarida – quero instalar um joguinho no meu novo celular. Aqui diz que ele possui 17 MB, mas Júlio e eu não sabemos o que significa esse MB. Assim, não sabemos se 17 é muito ou pouco, ruim ou bom.

– Agora tudo ficou claro – disse Ada rindo amigavelmente. Esse MB é uma unidade de medida, igual a quilo, litro, quilômetro. Significa MegaBytes.

– Porém – prosseguiu Alan – esta unidade de medida é utilizada para dizer o tamanho de um arquivo, um programa, um jogo em um computador. No seu exemplo, o joguinho que você deseja instalar possui um tamanho de 17 MegaBytes.

– Mas isso é bom ou ruim? Perguntou Júlio.

– Nem bom nem ruim – disse Ada – Essa medida apenas representa o tamanho. Assim, quanto menor o número, menor será o arquivo. Podemos dizer que ele será mais leve, mais fácil de abrir. Por outro lado, quanto maior esse número, maior será o arquivo, mais pesado, mas difícil de ser aberto.

– Pense em caixas de papelão – disse Alan.

– Caixas de papelão? Exclamou Margarida.

– Sim – continuou Alan. Quais são melhores, as caixas grandes ou as pequenas?

– Isso é muito relativo Alan – disse Júlio.

– E por quê? perguntou Alan.

– Por que às vezes precisamos de caixas grandes, às vezes precisamos de caixas pequenas. As duas são úteis.

– Exato – disse Alan aos saltos de alegria – Então podemos dizer que as caixas de papelão são úteis, independente do tamanho.

– Sim – respondeu Margarida ainda meio confusa.

– Esse tamanho do joguinho que você quer instalar Margarida não é necessariamente bom ou ruim – disse Ada percebendo a confusão estampada no rosto de Margarida. – Assim como as caixas de papelão do Alan, independente do tamanho, ele é importante para termos uma ideia de quanto da memória do nosso computador ou celular será ocupada.

– Humm – resmungou Margarida.

– E isso é muito ou pouco? perguntou Júlio – 17 MegaBytes é muita memória?

– Isso vai ficar mais fácil com gatos – disse Alan olhando para o horizonte. Ada riu de forma engraçada, como os nerds costumam fazer.

Caminharam até a caixa de areia que estava em uma das bordas do parque, na direção do pôr do sol.

Alan pegou um palito que estava jogado na grama. Se aproximou da caixa de areia e desenhou algo parecido com um tabuleiro de xadrez. Olhando para os três, disse empolgado:

– Todo computador, e o celular também é um tipo de computador, possui uma peça chamada memória. Podemos imaginar essa memória como um grande retângulo dividido em vários pequenos retângulos. Todos de mesmo tamanho.

– Quando abrimos um joguinho – disse Ada – todos os arquivos e figuras desse joguinho são carregados para a memória, ocupando vários desses pequenos retângulos. Se o joguinho for pequeno, ele irá ocupar poucas caixinhas de memória, mas, se o joguinho for muito grande, ele irá ocupar muitas caixinhas de memória.

– Isso pode deixar o computador lento – disse Alan.

– Ok. Acho que estou entendendo – disse Margarida – mas ainda não entendi qual a relação dessa memória cheia de caixinhas com os tais 17 MegaBytes do joguinho que quero instalar.

Ada e Alan riram. Júlio, compartilhando da mesma dúvida que Margarida, ficou em silêncio.

Alan olhou para um gato que acabava de entrar na caixa de areia, se acomodava bem sobre o tabuleiro desenhado por Alan, e começava a se lamber. Alan continuou.

– Estão vendo esse gato?

Todos balançaram a cabeça de forma afirmativa.

– Imagine que cada caixinha de nossa memória tenha espaço suficiente para apenas um gato.

Todos riram, inclusive Ada, que acompanhava o raciocínio de Alan. Ele continuou.

– Assim, se representarmos o tamanho ocupado por esse gato na memória, poderíamos dizer que ele ocupa 1 Bit.

– Oi? disse Margarida de repente.

É outra unidade de medida, semelhante a MegaByte – disse Ada sorrindo.

– Isso – continuou Alan – Pense nas unidades milímetro, centímetro, metro e quilômetro. Todas são unidades de medidas para distância, mas em escalas diferentes. O bit é a menor unidade de medida no computador. Precisamos entender o bit para entender o megabyte.

– Mas, mesmo esse gato gorducho ocupa apenas 1 bit na memória? – perguntou Júlio.

O gato, como se tivesse entendido a ofensa, olhou sério para Júlio e deu um miado estridente. Todos riram da situação cômica.

– Sim – respondeu Alan ainda rindo – Estamos imaginando que um gato é a menor coisa que podemos colocar na memória, independente do tamanho do gato. Afinal, um gato é sempre um gato.

– O importante – continuou Ada – é compreender que um gato irá ocupar um desses pequenos retângulos completamente, que representa 1 bit da nossa memória imaginária. Se outro gato entrar em nossa memória, ele precisará se acomodar em uma das caixinhas vazias. Assim, teremos então 2 bits de memória ocupados.

– Então – disse Júlio compreendendo a ideia – se um terceiro gato entrar na memória e ocupar uma das caixinhas, teremos então 3 bits de memória ocupados.

– Exatamente – disse Alan.

– Mas eu não entendo – disse Margarida – a memória está sendo medida em bits e o meu joguinho está em megabytes. São medidas diferentes.

– Sim são – afirmou Alan – assim como milímetro, centímetro, metro e quilômetro também são medidas diferentes, mas todas servem para medir distância. A diferença é que estas medidas de distância são corriqueiras e seu significado já é conhecido por nós, mas medidas de tamanho em memória não.

– Agora Margarida – continuou Ada – imagine que gatos fossem aparecendo aqui e ocupando as caixinhas de memória. Nós continuaríamos contando assim:

4 gatos igual a 4 bits;

5 gatos igual a 5 bits;

6 gatos igual a 6 bits;

7 gatos igual 7 bits;

8 gatos igual a 8 bits ou 1 byte;

– Opa… – disse Margarida repentinamente – mudou?

– Sim – confirmou Alan – se sempre medíssemos a distância em centímetros, os números ficariam muito grandes de forma muito rápida. Veja este exemplo. A distância entre Manaus e Rio de Janeiro em linha reta é de aproximadamente 2850 quilômetros. Como cada quilômetro possui 1000 metros, multiplicando 2850 por 1000 descobrimos que a distância entre as duas cidades é de aproximadamente 2.850.000 metros (dois milhões e oitocentos e cinquenta mil metros). Veja como o número é grande. Por fim, como cada metro possui 100 centímetros, descobrimos assim que 2.850.000 multiplicado por 100 é 285.000.000 de centímetros ou duzentos e oitenta e cinco milhões de centímetros.

– Ual – suspirou Margarida – nunca tinha pensado dessa forma.

– Pois é – disse Ada. – O mesmo acontece com as medidas na memória do computador. Usar sempre a mesma unidade de medida faria com que o número crescesse rápido demais. Assim, da mesma forma que a sociedade decidiu que 1000 metro é igual a 1 quilômetro, também foi decidido que 8 bits é igual a 1 byte.

– Então – interveio Júlio – se 8 gatos ocuparem 8 caixinhas ai da nossa memória imaginária, podemos dizer que temos 8 bits ou 1 byte ocupado?

– Exato – confirmou Alan sorrindo de orelha a orelha.

– Nossa – exclamou Margarida sorrindo – quantos bits serão necessários para 17 megabytes?

– 142.606.336 (cento e quarenta e dois milhões, seiscentos e seis mil, trezentos e trinta e seis) bits exatamente – disse Alan com ar pomposo colocando as mãos para trás e enchendo o peito de ar.

Todos o observaram de olhos arregalados, em silêncio. Passado o susto, caíram na risada.

– Então Margarida – continuou Ada – como vimos, 8 gatos podem ser chamados de 8 bits ou 1 byte, mas quando temos 8 bytes, 64 bits uma vez que cada byte possui 8 bits, a unidade não muda, continuamos contando até atingir 1024. Quando temos então 1024 bytes, aí temos a próxima unidade de medida, o kilobyte, também chamada de Kbyte ou apenas KB. Assim, perceba o que já temos:

1 gato = 1 bit;

8 gatos = 8 bits ou 1 byte (8 dividido por 8 = 1);

16 gatos = 16 bits ou 2 bytes (16 dividido por 8 = 2);

24 gatos = 24 bits ou 3 bytes (24 dividido por 8 = 3);

agora vamos inverter o processo para facilitar:

1024 bytes = 1 KB ou 1 Kbyte  ou ainda 1 kilobyte;

Quantos gatos são necessários para 1 KB? Perguntou repentinamente Alan.

Houve um momento de silêncio e aquele leve cheirinho de fumaça que sobe quando pensamos muito. Por fim Margarida quebrou o silêncio:

– Este número é muito grande, preciso de uma calculadora – disse enquanto ia pegando o celular – vejamos, 1 Kbyte é igual a 1024 bytes. Como cada byte tem 8 bits então basta multiplicar 1024 por 8. Isso dá 1.192 gatos.

– Muito bem Margarida – disse Alan sorridente.

– E depois do Kbyte qual a próxima unidade? perguntou Júlio empolgado com as contas de gatos.

– Como bem disse Ada – continuou Alan – 1024 bytes se torna 1 Kbyte. De agora em diante, a cada 1024 passamos para uma nova unidade. Assim, quando obtivermos 1024 Kbytes, passamos então para 1 Mbyte.

– Ei, esta é a unidade do meu joguinho – disse Margarida toda animada.

– Sim – respondeu Alan.

E quantos gatos são necessários para formar 1 Mbyte? Dessa vez a pergunta foi formulada por Ada.

Mais uma vez houve silêncio, desta vez quebrado por Júlio:

Vejamos. 1 Mbyte é igual a 1024 Kbytes. Como cada Kbyte é igual a 1024 bytes, então temos 1024 vezes 1024 que dá 1.048.576 bytes. Mas ainda não acabou. Como cada byte possui 8 bits, então temos 1.048.576 vezes 8 que dará 8.388.608 bits.

– Socorro, é muito gato – foi a única exclamação que Margarida conseguiu pensar.

– Como você disse – completou Alan sorrindo para Margarida – chegamos à unidade do seu joguinho. Quantos gatos são necessários?

Bem – disse a menina sorrindo – se 1 Mbyte precisa de 8.388.608 (oito milhões, trezentos e oitenta e oito mil, seiscentos e oito gatos), então basta multiplicar esse “numerão” por 17. Assim teremos 142.606.336 (cento e quarenta e dois milhões, seiscentos e seis mil, trezentos e trinta e seis gatos). É muito gato!

– E depois do Mbyte, qual a próxima? perguntou Júlio.

A próxima é o Gigabyte ou Gbyte ou ainda GB – disse Ada. Como já devem ter imaginado, 1024 Mbytes é igual a 1 Gbyte.

– Macacos me mordam – disse espantada Margarida – isso são 8.589.934.592 (oito bilhões, quinhentos e oitenta e nove milhões, novecentos e trinta e quatro mil, quinhentos e noventa e dois gatos).

Todos riram alegremente com a conclusão obtida por Margarida.

– Está vendo porque precisamos de várias unidades de medida? perguntou Alan.

– Sim, agora entendo. Nunca tinha pensando em como os números podem crescer tanto. Gbyte é a última unidade?

– Não mesmo – disse prontamente Alan – Depois de Gbyte temos terabyte ou Tbyte ou ainda TB. 1 Tbyte é igual a 1024 Gbytes. Continuando, 1024 Tbytes é igual a 1 petabyte ou Pbytes ou ainda PB. 1024 Pbytes é igual a 1 exabyte ou Ebytes ou ainda EB. 1024 Ebytes é igual a 1 zettabyte ou Zbytes ou ainda ZB, e 1024 Zbytes é igual a yottabyte ou Ybytes ou ainda YB. Bom, estes são os que conheço. Finalizou modestamente Alan – mas nem tente calcular quantos gatos cabem em cada um deles, sua calculadora não consegue calcular esse número, ele é muito grande.

Um miado mais aguda, outro um pouco mais afinado. A papo foi tão interessante que todos se esqueceram completamente do gato que estava sentado bem no meio da memória imaginário que Alan havia desenhado na areia. Ninguém soube explicar como, mas agora haviam dois bits, quer dizer, dois gatos sentados lado a lado, na memória desenhada na areia.

Entre umas e outras lambidas no pêlo brilhoso, olhavam para as crianças como se estivessem participando de toda a conversa, e o pior, entendendo cada parte.

Haa esses gatos.

Este post tem um comentário

  1. Bruno

    Professor, boa noite tudo bem?

    Gostei do seu blog. Na verdade acompanho toda a playlist de aulas do Curso em C (vi todas as 300, ou mais rs). Você tem sido uma BENÇÃO para meu aprendizado junto com a explicação e exercícios. Muito obrigado!

    Desculpe o incômodo, mas posso pedir uma dica em meus estudos? Estou tentando desenvolver, como forma de aprendizado mesmo, uma árvore do tipo genealógica que é lida a partir do usuário digitar. Um exemplo:
    1- Digito o nó raiz que é a mãe.
    2- Digito os nós filhos: filha 1, filha 2 e filha 3, um por vez
    3- Digito um neto para filha1, 2 netos para filha 2 e 3 netos para filha 3.

    Minha dificuldade é criar uma árvore onde os nós filhos não sejam somente esquerda e direita (que seria a binária, né?), gostaria de saber como crio uma árvore onde os nós filhos pode ter 2 ou mais filhos e faço isso dinamicamente criando-os na memória a partir do que o usuário digita, o que não o torna mais árvore binária. Só a criação dessa estrutura que não compreendi. Pode me orientar?

    Mais uma vez obrigado por compartilhar seu conhecimento. Tem sido enriquecedor para meus estudos na escola!

    At.te,

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Wagner Gaspar

Capixaba de São Gabriel da Palha, Espírito Santo. Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Amazonas e mestre em informática pela Universidade Federal do Espírito Santo.